domingo, 3 de junho de 2012

Jacarandás

Estamos na altura dos Jacarandás em flor. Uma flor lilás que, contrastada com o verde das folhas, dá um efeito lindo nas árvores desta espécie. E consequentemente nas ruas que têm Jacarandás grandes, dos dois lados. Ao pé do meu trabalho há uma rua assim. Está linda, com um ar de história de encantar. É realmente um espectáculo maravilhoso só olhar, simplesmente contemplar.
Mas quando andamos na dita rua, os nossos pés ficam colados no chão porque as flores devem produzir uma espécie de goma que se propaga no ar e cola-se no chão, nos carros, em todo o lado. Além disto, as flores vão caindo também, e juntamente com a calçada, os nossos pés vão escorregando se pisarmos a flor. E não ajuda o facto da rua estar inclinada.
E dou por mim a perguntar porque é que as coisas não podem ser perfeitas? Porque é que uma coisa não pode ser perfeita por inteiro? Sem defeitos, problemas ou consequências? Porque é que, neste caso dos jacarandás, não pode ser tudo perfeito, e a cola que fica no chão ou as flores que escorregam deixarem de existir? E ficarmos apenas com uma imagem perfeita?
Chego à conclusão de que a perfeição está afinal no equilíbrio deste nosso universo, em que qualquer coisa não é apenas boa ou má, ou bonita ou feia. É um conjunto de coisas que se equilibram e que mostram que há causas e consequências para tudo, e que o melhor é termos a noção disso mesmo.
Nem tudo é perfeito, e até pode ser bastante desconfortável pisar flores que escorregam. Mas quem não gosta de ficar a contemplar a imagem perfeita de um Jacarandá em flor?


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