Eu esforço-me bastante para ser organizada, forço-me a fazer listas, preencher agendas (meu querido google calendar que tanto me tem safado!), e forço-me a fazer o que tenho em atraso, a arrumar, a organizar. Daí que percebo que me tenham dito toda a vida que sou atinadinha. Sim, mas é com muito esforço, não é uma coisa que me sai naturalmente.
Natural é o meu azar, que conjugado com a minha distracção chega a ser bombástico. E por muito que lute contra isso, há situações em que nada posso fazer para mudar.
Ora, o que acontece quando saio de casa e me esqueço do telemóvel em casa?
Meio mundo telefona-me, todos os assuntos passam a ser urgentes, e eu sem saber números de telefone de cor, nem os tenho escritos em lado nenhum...
E o que acontece quando não me esqueço do telemóvel e saio vitoriosa de casa com ele na mão a pensar: "ah! desta vez vens comigo!"?
Nada...não acontece nada...
O que acontece quando estou cheia de pressa, atrasadíssima, à procura de um lugar para estacionar o carro nas ruas apertadinhas de Lisboa, numa subida?
1) A carrinha de distribuição pára para entregar mega pacotes de leite na mercearia
2) O táxi à minha frente pára para deixar sair duas senhoras já com uma certa idade e com dificuldade nos movimentos
3) Páro 3 vezes para que os carros que estão à minha frente estacionem nos últimos lugares livres da rua, restando nenhum para mim
4) O camião de recolha do lixo das embalagens pára à minha frente no eco-ponto. Duas vezes na mesma rua, porque há dois eco-pontos!!
O que acontece quando finalmente estaciono o carro e tenho de descer a rua?
Começa a chover, não tenho chapéu de chuva, e as minhas botas escorregam na calçada portuguesa polida e lustrosa.
Ah, mas posso evitar cair! É só andar no alcatrão! Não vem nenhum carro, Vamos lá então!
Sim, mas a chuva misturada com o óleo dos carros faz uma camadinha de "vamos-lá-ver-quem-se-aguenta-em-pé". Num passo confiante, avanço, e logo percebo que foi péssima ideia, a bota escorrega, eu dou um movimento rápido de anca, e ainda tenho tempo de levantar o braço em posição de acrobata na corda do circo! Lá me aguento sem cair! Mas tal foi a figura triste que fiz que dou por mim e vejo uma senhora a rir...bom...avancemos...
Então vou levantar dinheiro. Pronto, nada de especial, certo? Não! Existiam 4 caixas multibanco nesta zona, de repente só há duas, as outras fecharam, e uma delas, claro, não tem dinheiro.
Dirijo-me à única que funciona. Três pessoas à minha frente. Começa a chover mais.
E não é que todas essa pessoas queriam pagar contas?? E ver extractos ?? E levantar dinheiro? E mais o saldo para ver com quanto ficou na conta??
E o que acontece quando isto tudo se passa num dia só?...
Não achas que é azar a mais, A.?
Então chovia...e eu deixei-me ficar ali até chegar a minha vez...se não podes contra eles, junta-te a eles, não é o que se costuma dizer?...Desisto...
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